segunda-feira, 7 de março de 2022


 

Tal como a madrugada me faz estremecer de frio, o anoitecer acresce em mim receios. O escuro assusta-me, há um outro silêncio que espreita e me inquieta, volto a ser criança, fujo das sombras que possam observar-me, os meus olhos esquecem que só adormecem se as pálpebras se fecharem, ninguém dorme de olhos abertos a não ser as mães que mantêm vigília sobre seus filhos pequenos evitando que eles possam ter medo do escuro, por isso elas só adormecem quando os filhos respiram com a serenidade do beijo de boa noite. As palavras cantam o embalar da noite, há todo um segredo que só as mães aprendem: Dorme, dorme, meu filho, que eu estou aqui para cuidar e te proteger. É o manto dos sonhos quando a luz se apaga. Nem todas as crianças adormeceram com a canção das mães, nem todas as mães tiveram oportunidade de aprender que a noite embala o cantar dos sonhos para que os filhos perdessem o medo. Sãos as mães que pariram sob o medo, são os filhos que choram sob o primeiro dos medos, como que adivinhando que há diferenças; Há mães e filhos, há filhos sem mães, orfãos do destino ,pelo caminho quando chega a noite apenas a lua faz de ama a quem dela precisa para afastar o medo do escuro.




Célia M Cavaco In Cuidadora de sonhos