quarta-feira, 15 de dezembro de 2021


 

Tempo de arrumar emoções, quer sejam de absoluta felicidade, quer sejam de infindável infelicidade. Incertezas muitas, como definir o que o coração guarda e comanda? Que razão desconhecida e impraticável leva-nos a guardar desperdícios emocionais? Incertezas muitas, verdades desmentidas, mentiras que eram verdades. Tempo de as gavetas se abrirem para arrumar o que se deve deitar fora, até mesmo o que foi e deixou um canto onde ficar era aconchego.
Verdades e mentiras, a arte de viver e conviver sem mais nem porquês de ontem e hoje. Tempo de escolher o que faz falta ,o que deve ficar, o que deve deixar-se ir, nada que impeça a reconstrução ,somos andaimes onde os tijolos serão casas ,a casa é a vida habitada sem que se possa fugir ,habitamos cada assoalhada como compartimento onde o coração bate e deixa de si lágrimas ,lágrimas de felicidade ou de tristeza.
Tempo de emoções, verdades ou mentiras construídas quando em tempo de vaidades tudo foi ninho ,encantamento de ficar porque o sonho era esse mesmo, ficar eternamente no lado positivo da vida.
Tempo de ilusões ou desilusões ,tempo de amores ou amar o impossível, quiçá encontrar a única verdade por descobrir neste turbilhão de afectos que se perderam sem saber como.
Tempo de uns, tempo de mim que me perdi sem saber como regressar ao princípio de quando me sabia em ilusões credíveis de que a felicidade tinha uma história para contar ...



Célia M Cavaco, In DESVIOS






Foto: Andrea Kiss