terça-feira, 5 de outubro de 2021


 



Somos pássaros quando iniciamos o voo que nos permite ser livres, liberdade permitida na confiança propositada de almas soltas num universo paralelo. Somos sombras quando permitimos solitariamente uma ausência tão presente como a solidão escolhida.
Somos o que exigem de nós, somos outros quando emocionalmente deixamo-nos aprisionar por amar um Amor tão pessoal, tão mais nosso do que aquele que nos podem dar.
Somos muito, somos tanto na pele que nos toca, na exigência de dar e receber, no muito que de tão simples esquecemo-nos o quanto é somente retribuir. Somos o dar e receber numa constante que é a vida, sonhamos, pedimos, exigimos, quando apenas basta sermos dois. Somos dolorosamente feitos de falta de coragem, audaciosos , quando queremos estar tão perto quanto possível é estarmos presentes numa ausente saudade que é sentir um todo que faz os momentos e os instantes partilhados a dualidade do sofrer para Amar. Nunca, jamais, o gostar nos basta. Amar, e gostar, tem como início o deslumbramento na eterna troca de olhares.
Ausência é a presença constante do que o pensamento nos deixa levar, irmos ao encontro dos sentires que nos vestem e despem o que a pele possibilita a sermos nós, somos tão perfeitos como imperfeitos, unicamente somos apenas dois quando a percepção de Amar é não deixar que um só possa apenas e só gostar (...)








Célia M Cavaco, In DESVIOS