sábado, 25 de setembro de 2021


 


É jovem, com uma história de vida que não desejou, mulher jovem com educação que a vida fez com que esquecesse muito e tanto que sabia. Seu nome Maria, tem outro nome, mas este assenta-lhe na perfeição de tudo o que a vida a fez sacrificar, com isso, ganhou um lado rude e grosseiro, a sua defesa para não demonstrar sentimentos. Mulher, Maria, das agruras da vida ganha cada vez mais uma auto defesa, raramente chora, quando acontece é para disparar a raiva que com ela mora desde de sempre, talvez tenha nascido predestinada a ser infeliz, ou então para aprender que a ilusão com de quando em vez a faz cair numa teia de afectos dados a quem não merece. Maria, Mulher, criança ingénua quando a razão de querer mais a faz ir por caminhos de pedras que a ferem. A Maria tem dentro de si uma ternura invisível, somente quem a olha com a essência merecida se dá conhecer, algo que raramente acontece. Maria com olhos de azul tempestade, riso de desprezo para quem lhe atira a primeira pedra, Maria a doce para quem lhe oferece uma palavra de conforto, mais do lhe é necessário a palavra veste-a tal qual uma criança quando se lhe oferece o seu primeiro doce. A Maria é uma das muitas Marias a que a sociedade ou a vida, quiçá o destino a faz deambular pedindo dignidade para sobreviver, à Maria falta-lhe tudo menos a dignidade que por vezes a cega e a leva a ter um orgulho feroz e de desdém para quem a trata despropositadamente como alguém invisível. Toda a sociedade, todo o poder politico, todas as instituições lhe devem um pedido de desculpas. De mim para ti que pouco posso dar-te senão aquele colo de conforto peço-te perdão em meu nome e de todos os que não fazem nada por estarem no topo esquecendo que para cair basta por vezes a vida ou o destino lhes trocar as voltas. Gosto de ti miúda guerreira, gosto de ti pelo simbolismo de seres simplesmente MARIA a corajosa nas horas vagas do teu desespero.







Célia M Cavaco,In DESVIOS