Despida de mim!...O" Eu" que ocupa este corpo que nem sei mais se sou eu ou se me procuro numa dor de sentir na busca do que sei e quero sentir...
Uma janela, o meu "Eu" olha através de uma janela, outras houve, o mundo vejo-o pela janela da alma onde açambarco um horizonte que desconheço, no entanto, um amplo azul, quase tocando o céu, um céu inacessível onde dois braços se estendem por todo o horizonte, o Eu de mim, em passos lentos tenta alcançar esse abrigo de paz e serenidade...
Talvez deva segui-lo, talvez eu queira ir por aí, talvez nas minhas incertezas me atrase pelo caminho a seguir...
O Eu que me habita não me responde, não me interpreta, talvez uma oração, talvez a alma queira libertar-se, e o Eu de mim, num conflito de interpretação, não sabe como seguir o que desconhece, um medo de me perder nesse horizonte que ainda não sei como fazer para chegar, vagas memórias levam-me por vezes até ele; um mar extenso me baptiza, uma luz me veste o corpo sem formas, as minhas sensações em dilúvio, o Eu de mim prende-se aos sentimentos que ainda me restam. Acordo!... Sensação estranha, um cansaço de coisa alguma me deixa leve, o Eu de mim, o que me habita leva-me pela mão até ao mar da tranquilidade, a noite não tarda...
Célia M Cavaco , In DESVIOS