segunda-feira, 25 de junho de 2018



No meu quarto grande,quatro paredes fecham o silêncio que ali permanece como um retiro espiritual.Apenas uma das paredes tem vida,quatro alinhados quadros representando a maternidade.Um pouco de mim vive emoldurada em cada um dos quadros.Sempre que me deito à noite olho especialmente para um deles,mãe e filho pintados num azul tão profundo quanto a ternura que os une.Acima destes quadros, um outro com uma bailarina clássica .Não me recordo porque o escolhi,talvez a elegância e a serenidade da bailarina tenha sido a opção de escolha .Hoje ao olhar para aquela parede branca onde apenas os quadros cruzam comigo olhares,senti que a arte,essa sim, é um escrevinhar de sentimentos meus nunca partilhados.
Por baixo dos quadros, a cama, indispensável decoração para descansar o cansaço.À noite, uma única sombra coabita com a ténue luz que ilumina o corpo desajeitado num profundo e doce bailado onde os quadros e eu ousamos dialogar momentos...






Célia M Cavaco,In Desvios



Arte: Chris Tornley