segunda-feira, 11 de junho de 2018








Um dia,na brandura da idade, verei tudo como uma peça de teatro onde tantas vezes fui aplaudida, outras tantas, refugiei-me atrás do silencio permanecendo numa inatingível invisibilidade. No palco, todos os dias em cena a mesma forma de representar.
Um dia,na idade do coração, e sem razão, perder-me-ei para ser conquistada nas noites de luar; à beira mar muito próxima do mar tranquilidade vestirei o corpo de nuances de prata.Um dia, quando a brandura da idade não me fizer perder a razão, tentarei lembrar todas as personagens no diário do tempo.
Um dia, na idade madura, tentarei que a memória conte todas as horas sem ponteiros de começo.Uma vez,e já na brandura da idade, terei rugas emolduradas pelos fios brancos tecidos nos dedos enrugados. Sem tempo, a peça num único acto "Um Dia..." fui tanto de mim que sobrevivi para saber como contar o tempo que existi...
Célia M Cavaco,In Desvios






Arte:Carla Cascales