domingo, 8 de outubro de 2017




Quando me perguntas se sou feliz,fico calada a olhar-te olhos nos olhos.No mínimo de tempo possível reages inquieto à esperada resposta.A divagar por todos os gestos que me destes,pelo beijo que ainda sinto; na troca de silêncios e amante de todos os verbos a ternura de olhar-te no reflexo da alma que despe todos os sentidos . A cada gesto de amor cerzido, a intimidade ainda por fazer, no desassossego, a sede da tua boca.Se sou feliz?...Por todos os caminhos de lugares vadios, fui tanto de mim, que me permiti entrar no abismo onde o ter, e não ter, dói o silêncio da partida.Dor que não se vê mas sente-se nos braços estendidos no vazio de lugar nenhum.
Se sou feliz?... Nas horas premeditadas espero-te numa extenuante ansiedade de contar o tempo de chegada.Por cada gesto,as mãos entram vuluptuosamente nas pregas do desejo,essa felicidade que nos preenche num delírio embriagado.
Se sou feliz?... Os teus olhos, um lagar de afectos,dão-se ao orvalho húmido da ternura,é por aí...nos pequenos momentos, que me sinto muito além da felicidade, instantes de comovida conquista.
Se sou feliz?...O poema a quatro mãos declama sentimentos cativos como quem canta a melodia de sermos eternamente nós.
Se sou feliz?...Como não ser feliz,se é de ti ,que o corpo livre de embaraços me faz ficar na enredada paixão; despertando em mim um botão de flor sempre que me dás muito de ti num infindável cansaço para me fazeres feliz todos os dias nessa não pressa com que o tempo nos faz viver.






Célia M Cavaco,In Desvios









Arte:Francine Van Hove