sexta-feira, 8 de outubro de 2021


 

Se pudesse escrever-te perder-me-ia por múltiplas divagações; saber como e onde as palavras se desencontraram,
para pudermos entender o quanto fomos verdadeiros nesses momentos.  No adágio procuramos tantas vezes a ternura que nos nocturnos tocamos a quatro mãos, o desejo em valsa, rodopiando o amor vezes sem conta...O amor feito de fugas e encontros consumados nos  múltiplos dias ,muitos, sem contar os anos e a época em que tudo fomos.
Numa relação de muitos anos, duas vidas em comunicação espiritual. Somos passagem de um poema em permanente desassossego. Muito não chega a ser tudo o que possamos desejar, esse volátil descontentamento, essa procura incessante de sermos infinitos.
As palavras que possa escrever serão de uma alma em constante procura de estar em constante viagem. A noite, a tarde, a manhã, são a minha viagem até ti, chego devagar até sentir o perfume que me veste a pele, o perfume, esse aroma deixado pelas mãos que tocaram o crepúsculo.







Célia M Cavaco, In DESVIOS






Arte (? )