Insisto!...
Insisto abrigar-me no silêncio, insisto dialogar com as palavras perdidas, sei que as devia ter bradado quando estas insistiram fazer eco, calaram-se por insistência minha, agora, convivo com cada uma delas, ainda que magoadas acompanham-me neste silêncio apaziguado. Abençoado silêncio, oração do que já foi desassossego. Não será um rosto que me define ,talvez, as minhas mãos digam muito do que sou, falo gestos, falo com a alma que me habita, não entre quatro paredes porque aí seria reclusa ,não, apenas encontrei onde morar com a minha inquietude. O meu silêncio não tem perfil, somente as minhas mãos têm de mim a linha da vida e a do coração.
Somente sou silencio dentro dos meus silêncios, o resto, é a linha da vida na palma da minha mão que contará o tempo que me resta.
Célia M Cavaco, In DESVIOS