segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018



Quando eu morrer...um futuro inadiável.Hei-de morrer, um dia,quando? não quero saber, nem quando, nem onde.Momentos instantâneos que cruzam o pensamento.Não quero saber de nada,apenas,quero, que estejas ao meu lado com os teus braços em redor de mim para que não caia no abismo do lado de lá.Quero,quero sentir, que lágrimas formam um rio onde num ténue folgo eu nade até à outra margem da sobrevivência, e possa ver o teu mundo onde o teu olhar tome o céu como um adeus final.Não quero ser estrela,quero antes habitar o coração,o teu, onde estive tanto tempo que jamais esquecerei a morada.Ver as árvores,as flores,as aves que antes o meu olhar desdenhava por sentir-me imortal.Quando adormecer, finalmente,que o meu sono seja um longo paraíso onde hei-de permanecer até ser o livro branco onde escreverei que te espero até à eternidade celestial.Promessa feita aquando num beijo longo selaste um amor final de todos os tempos.Sei que não poderás ver-me,no entanto, serei brisa nos teus cabelos,as minhas mãos revolverão todos os teus cabelos,os dedos desenharam na tua face toda a ternura que te prometi um dia.Outra promessa que terei de ter em conta quando partir no arco íris do tempo,será a da chuva e o sol que me farão lembrar todos os nossos caminhos,caminhos de encontros e desencontros até àquele dia onde o mar baptizou todas as ondas. A cegueira provocada pelo excesso de calor, envolveu-nos, remetendo-nos à outra época de glória de muitas outras vidas onde fomos tantas vezes os mesmos, os nossos rostos, deixaram de ser esses que o karma insiste em nos fazer recordar a alma,essa reconhece-nos na plenitude de um único olhar sempre que trocamos o tal olhar.Quando acontecer,e se acontecer,não te esqueças do anel de muitas voltas onde o dourado no meio é promessa de lealdade e de espera no lado do jardim onde as flores serão tapete nos nossos pés perto do altar onde os deuses nos abençoarão por toda a vida eterna.Na minha ausência, os meus lábios serão a solidão vestida de todas as horas que te dei.A cada momento, estarei ao teu lado,sentirás por muito tempo que ainda faço presença no teu coração.Quando eu morrer,far-te-ei falta na moldura da ausência.Por agora,até que isso possa acontecer,deixa-me amar-te todos os dias no nosso acordar para a vida que abraçamos quando o beijo abraça a existência do momento que é hoje; " que morro, sempre que estou deitada ao teu lado".







Célia M Cavaco,In Desvios