Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
sábado, 30 de julho de 2016
Os sonhos navegam em águas de mar chão. Os miosótis,as tulipas,as rosas,flores do quadro imaginário. À noite o desassossego previsto, sem drama, a cor magenta intromete-se pintando a quietude desejada num acaso de tudo e de nada.Nas mãos, o desejo de abraçar-te longe estando tão perto, o colo prometido para adormecer... Porque gosto de palavras,deixo-as livres num voo sem retorno. Procuro-as ao acaso,encontro-as no ocaso dum outono. Sei-me nesta constante inquietação desfolhada na eira das colheitas,onde o verão humedece o corpo desejando beber na fonte dos suspiros a frescura do beijo.Da janela da alma vagueiam contradições inesperadas. Passos na areia, lado a lado a leveza de ser.Tantas de mim num encontro cerzido e apaziguado no pôr do sol entre a terra, o mar e o céu de estrelas na lua cheia.Chopin, nocturnos,interlúdios serenos. O amor que se faz esperar, o coração que bate ao ritmo das horas tardias da alvorada.Rio de águas calmas à foz da tranquilidade,espero-te na sinfonia da noite onde sei estar todas as esperas inesperadas.
Célia M Cavaco / Desvios
