domingo, 17 de abril de 2016







Confrontou-se com o espelho,não reconheceu a imagem reflectida, era  uma outra que não conhecia.Tinha um olhar ausente,um sorriso tímido,a outra de que se lembrava era sem dúvida mais alegre,quase sempre com um olhar divertido e um sorriso de menina.Lembrava-se de lhe dizerem,estás a pensar no quê e em quem? não podia responder,porque quase sempre vagueava nos sonhos que idealizava.Só ela sabia o princípio e o fim das suas histórias,era a personagem com o papel principal,as outras entravam e saiam conforme o tempo que viviam, havia personagens que morriam sem que estivessem no guião da sua história,chorava até se aperceber que podia contar com as mesmas,era só deixa-las entrar nos sonhos . Uma dia na praia,a cigana leu-lhe a sina,e disse-lhe: vais ter muitos amores, riu-se e perguntou-lhe quantos? A cigana voltou-lhe as costas,e entredentes respondeu-lhe,espero que sejas sempre feliz. Tentou dar-lhe dinheiro, ofendeu-se e em tom baixo disse-lhe: de ti,só espero que saibas usar o dom com que nasceste,és uma privilegiada,nascestes na noite de lua cheia...
Nunca mais pensara na tal cigana,nem no que era lhe previra na palma da mão.Até hoje! (...)





Célia M Cavaco / Pontas soltas