Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
sábado, 12 de março de 2016
Deixa-se ir ao encontro do poema. Tem sede da beleza infinita,a paixão pela transgressão, pelo risco de viver na corda bamba das suas emoções. Vive no fio da navalha em cada sílaba.Olha-se a si mesma num mudo silêncio votado ao abandono. O poema é perverso, parco em palavras de amor. O poema,é escravo de todos os outros que aprendeu a ler no primeiro dia em que descobriu o amor,esse amor errante de dar sem receber.Mãos pecaminosas teimam encontrar no corpo o poema tocado. A sensualidade, a linguagem verbal eterniza os momentos. Há uma erosão emocional,o poema desgasta-se.A musa pergunta ao poema: Amas-me? Ele:Tocou-lhe a alma,ambos descansam a título póstumo.Também se morre de amor...
Célia M Cavaco / Desvios