Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
domingo, 27 de dezembro de 2015
Desenhou nos lençóis o corpo fatigado. Os sonhos atropelaram-se agitados.A manhã anunciou o nascer do sol,a janela mostrou a claridade exterior. Sonolenta tem dúvidas sobre os sonhos.Era outra,não a que estava a espreitar as águas calmas do rio.Para lá do rio,as cores alaranjadas fazem prever um dia de sol no inverno.Pelos vidros vê o mundo nascer.Quantos estariam numa janela a ver o dia a despontar? Quantos teriam uma janela para abrigar do frio o corpo dentro do pensamento? Seria lógico, se pensasse que o mundo não era de extremos; Eu tenho,tu tens,nós temos,seria perfeito, o mundo visto assim atrás da janela.Formaliza desejos,sonha acordada,mas também estremece à dura realidade. Dentro de quatro paredes,protegida pela janela que esconde o barulho exterior é vulnerável às diferenças que incomodam,que exorcizam a intranquilidade.No exterior usa a máscara que esconde a vulnerabilidade.A fragilidade aparente veste-se todos os dias, porque acordar é vida. Apesar de tudo, continua a sonhar através dos vidros da janela. O sol não tarda, vai atravessar o quarto.Fora dali,existe o Mundo do despertar.
Célia M Cavaco / Desvios
Photo: Katia Chausheva
