Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
sábado, 22 de agosto de 2015
Quero acalmar-te esse coração;Que ao longo dos anos sofreu perdas e danos de uma vida agitada e desgasta em lágrimas,por falta da malga de sopa na hora da janta. Chorou o lenço branco do adeus dos que partiam à procura de uma vida melhor. Longe a nova vida era atribulada e de miséria.O dinheiro ganho à custa da saudade e das poucas horas entre o deitar e levantar. As poupanças amealhavam-se para garantir os estudos dos filhos que ficavam na terra até se juntarem aos seus. A língua pátria foi substituída por outra que só sabiam de a ouvir.Os anos passaram,esqueceram a fome. Os filhos sabem pouco da miséria anterior. Eles agora são ricos,têm casa grande,jardim com repuxos de água e decoração copiada à moda e vaidade de cada um...
Quero acalmar-te esse coração; Que entre tempestades e bonanças,outros dias, vieram sossegar as tardes amenas junto às rosas do monte que servem aromas às noites quentes de verão. No voo as aves trazem os laços invisíveis das recordações. O terno abraço que em redor de ti clama o canto do adormecer. O escurecer trás a serenidade e o cheiro da terra que tanto amam; O cansaço é reposto no bem estar que a vida lhes permitiu. Os filhos continuam longe...
(...)
Célia M Cavaco / Desvios