segunda-feira, 14 de março de 2022


A criança que existe em nós...

Quando uma criança nasce, aguarda-a um mundo inteiro para admirar, estrear o olhar para milhares de coisas que irá aprender a a gostar. Centenas de paisagens para admirar e inúmeras experiências para viver. Os olhos de uma criança são capazes de se iluminar por todas as coisas simples: uma gota de chuva que brilha intensamente sobre uma folha, o toque suave de uma pena...tudo lhe interessa e tudo explora. São capazes de absorver a informação como se fossem pequenos génios. Querem saber o porquê de tudo e estão totalmente abertas a pesquisar o mundo.
Todos nós fomos crianças, mas a um dado momento da nossa vida tenhamos perdido a criança que fomos pelo caminho e nos tenhamos transformado em adultos acabrunhados e pouco ternos. Por vezes não desfrutamos do que nos rodeia, permitimos que as nossas responsabilidades nos sufoquem, assumimos critérios rígidos: autoprotegemo-nos para não sermos magoados e tornamo-nos cépticos dificilmente impressionáveis. Deste modo deixamos de estar atentos às pequenas coisas, e, por isso deixamos de dar importância às coisas pequenas e importantes. Seria importante tentar despertar essa criança adormecida e acolhê-la com calma. Se o fizermos, a ternura voltará a fazer-se sentir (... ) para isso, basta-nos estar atentos às pequenas coisas que engrandecem a vida no seu esplendor (...)




Célia M Cavaco, In DESVIOS