sábado, 21 de setembro de 2019



Despida de mim!...O" Eu" que ocupa este corpo que nem sei mais se sou eu ou se me procuro numa dor de sentir na busca do que sei e quero sentir...
Uma janela,o meu "Eu" olha através de uma janela,outras houve,o mundo vejo-o pela janela da alma onde açambarco um horizonte que desconheço,no entanto,um amplo azul,quase tocando o céu,um céu inacessível onde dois braços se estendem por todo o horizonte,o Eu de mim,em passos lentos tenta alcançar esse abrigo de paz e serenidade...
Talvez deva segui-lo,talvez eu queira ir por aí,talvez nas minhas incertezas me atrase pelo caminho a seguir...
O Eu que me habita não me responde,não me interpreta,talvez uma oração,talvez a alma queira libertar-se,e o Eu de mim, num conflito de interpretação, não sabe como seguir o que desconheço,um medo de me perder nesse horizonte que ainda não sei como fazer para chegar, vagas memórias levam-me por vezes até ele; um mar extenso me baptiza,uma luz me veste o corpo sem formas,as minhas sensações em dilúvio,o Eu de mim prende-se aos sentimentos que ainda me restam.Acordo!... Sensação estranha,um cansaço de coisa alguma me deixa leve,o Eu de mim,o que me habita leva-me pela mão até ao mar da tranquilidade,a noite não tarda...

Célia M Cavaco,In DESVIOS