Mais um outono,um outono meu, de danças e rodopios enquanto vou ao encontro da estação que me abraça,veste, e acalma a minha inquietude.Serão as folhas a lembrar-me que breve chegarás ao meu encontro.Noutros tempos,a azáfama dos cheiros para sossegar a saudade dos aromas da canela,erva doce,e o mel que completava a receita do bolo podre feito às cinco da tarde.Uma fatia sabia a pouco,duas, a saciedade incompleta,a terceira,a terceira com uma chávena de chá,um chá de aromas fortes,gengibre,canela, cardamomo ,e no final, pétalas de rosa num perfume inebriante deliciava-me o tempero do amor feito pelas tuas mãos .Os marmelos enfeitavam a mesa,o açúcar amarelo pesado consoante a quantidade dos marmelos.O tomate carnudo e maduro no tacho de cobre,o pau de canela, a casca do limão a refrescar o aroma da compota.As tigelas de barro pintado para as guloseimas feitas. O papel de seda multicolor para decorar os afectos de aromas mil.O linho recortado para o enfeite final. O pão cozido na forma inglesa,a manteiga feita no momento completava a ternura por partilhar. O lanche dos afectos doseado nas pequenas delicias feitas com pitada qb. de amor.
O outono em brisa de sonhos no refugio do teu abraço.Por aí...de alma despida vou ao teu encontro.Antes e depois,por aí...vou até ti enquanto o tempo se abrir nas palavras que acontecem, entre nós,espero, um dia lembrar-me do nosso primeiro outono.

Célia M Cavaco, In Desvios