sábado, 3 de junho de 2017

 
Surpreendida pela figura que estava sentada num absoluto abandono,passou perto, quase palpável de tão visível e esperasse há muito por alguém.Esbarrou no corpo quando este se levantou de imediato à sua passagem,era como se tivesse contado os passos para poder tocar-lhe.Observou a beleza das feições,um rosto sereno num olhar opaco e doce.Tocaram-se,deram as mãos, e num silencio cúmplice caminharam... não quebraram o silencio,apenas caminharam lado a lado de mãos dadas.Era um dejà vu  inquietante de tão perfeito.Numa voz serena ele disse-lhe:deixa-me aqui!...
Fez a arquitectura do espaço e compreendeu,no mundo dele estava tudo geometricamente desenhado.Entraram no espaço que os levaria para lugares comuns ainda que diferentes, como de certo seriam as suas vidas, e pensou...nunca iria esquecer aquela mão,aquele toque sedutor de afectos que a tinha perturbado como se o amor tivesse passado naquele exacto momento,e num adeus desprendera-se num volátil perfume...










CéliaMCavaco,in Desvios