sábado, 20 de maio de 2017




O telefone toca,olho o visor,atendo...do outro lado a pergunta. Vai sair? Respondo que vou ao parque,num curto diálogo faço saber que passo por lá de seguida.Do outro lado uma reacção de entusiasmo fez-me sorrir.
Subi a avenida,entrei no parque para sair logo de seguida.Dirigi-me de imediato ao encontro que fica no final da rua.A distância é mínima.Bato à porta,um segundo depois a porta escancarasse para dar-me passagem. Olhamo-nos com sorrisos de afecto dando à ternura um abraço interminável.A pergunta de sempre,está tudo bem?...
-Ó filha,sabe que de novo não há nada,apenas me apeteceu ouvir musica e ler um pouco,mas para isso preciso de companhia,entre,vamos para o nosso cantinho.O cantinho é um lugar mágico onde os livros dançam sobre o nosso olhar como se também eles precisassem de colo .A musica de fundo num suave som de violino encanta-nos; já o som do piano deixa-nos num silêncio perpetuo. A poesia na voz melodiosa da "mãe" é um bálsamo que aquieta a alma nesta amizade conciliadora de carinho e respeito.Aprendemos ambas que a dor precisa de companhia.Sabemos que a nostalgia gosta de sofrer,por isso rimo-nos com lágrimas nos olhos.Nada nem ninguém é eterno,mas a amizade que nos une, e o privilégio de poder calcorrear a rua para chegar ao colo que preciso é um céu na terra.Obrigada,por me ensinar e cuidar dos meus afectos.







Célia M Cavaco,in Desvios