quarta-feira, 11 de janeiro de 2017






Uma janela...eu, a janela, e eu outra vez, todos os dias a olhar o mundo que escrevo. Não todos os dias,mas alguns dias, entre mim, e eu,interagem nos gestos diálogos profundos na opacidade dos vidros citadinos.Um mundo irreal, cada um, frente a si mesmo no outro lado da rua.Todos se conhecem sem conseguirem entrar pela cor das cortinas que separa a realidade.À noite, a luz acesa num lusco-fusco trepidante.Cada um por si,todos por um numa noite de verão escancarada às sombras soltas de fértil imaginação.Fazer amor, os gemidos entontecem a lua que espreita por reflexos.O rei sol que acorda o império dos sentidos,espreguiçar,deleite embaraço dentro de nós,eu e tu, num instante beijo solto na madrugada.Entre mim e a janela, o rio que me acorda,o mar que me baptiza ,a areia que me calça; Eu e o mundo,os outros,personagens ocasionais que permito no outro lado da janela indiscreta.











Célia M Cavaco / Desvios









Photo:Dario Rial