quinta-feira, 2 de julho de 2015




Não sei descrever o teu rosto; é como uma neblina num vidro sujo,tapado com cortina ainda mais suja que tudo o resto.A lonjura do tempo é feita a traços de lápis de carvão com sombras sujas pelos dedos da mão. Há muito tempo,tanto que no sotão não existem recordações,nem álbuns que contem a história da tua existência.Os traços são intuição de fotos que se encontram pela casa,nas gavetas, e em livros;tudo serve para unir peças que façam recriar um rosto.Apenas um rosto de uma história contada em surdina pelas paredes da casa.Porque as pessoas têm medo de ressuscitar esqueletos guardados em armários que cheiram a naftalina.Não é um rosto qualquer,é o rosto da verdade que precisa ver a claridade emoldurada numa moldura com nome...



Célia M Cavaco / Desvios



Arte: Louis Jover