Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
domingo, 17 de julho de 2016
Por vezes aventurarmo-nos a dar um passo,pequeno que seja, é num dado momento um passo gigante. Partir à aventura é sinónimo de que se consegue ir até ao suposto infinito se quisermos romancear esse infinito. Uma tarde acompanhada mas solitária. Rodeada de todo o tipo de pessoas,ver sem ser vista. Cada pessoa na minha eterna imaginação tem uma história no rosto. O casal jovem sentado à minha frente sem pronunciar palavra alguma falavam em código,o homem cego que tocava, a cada passo, uma música para se equilibrar. Jovens,muitos jovens de todas as nacionalidades. O jovem que tocava no violino "Come Waltz With Me" o outro que tocava o acordeão. As malas de viagem a ocupar espaço como se tivessem bilhete. Um caos citadino. Era como se estivesse no metro em Nova York,entradas e saídas consecutivas,as escadas rolantes,a subida e descida ao túnel da viagem. Surgiram-me por momentos vários nomes de filmes. O Doce Novembro surgiu como um relâmpago. Conhecemos-nos e demos as mãos num silêncio quase um grito,lado a lado num banco onde todos se sentam. Cada um no seu silêncio contou a história do outro. A saída imediata para outra escada,a descida ao túnel quente e abafado. O regresso, a aventura final com um só bilhete.
Célia M Cavaco / Desvios
Photo: Túnel of love in Ucrânia
