Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
quinta-feira, 14 de abril de 2016
Regressei à casa da minha infância. A casa grande com a parede pintada de amarelo laranja,de janelas largas viradas para o jardim da cidade onde via a ria formosa. Regressei aos cheiros de quando era criança, e olhava para tudo para recordar um dia, e quando fosse grande contar a minha história,ou as estórias. Naquela manhã de um dia não sei de que ano,era eu criança tímida e solitária. Abri a janela,o sol estava diferente,a claridade batia numa luminosidade alegre,também os sons da rua vinham do céu,umas aves pequenas e barulhentas faziam um bailado com fato de gala preto com uma lista branca no peito. De repente, senti um onda de calor,apeteceu-me vestir aquela blusa mimosa com florzinhas. Minha mãe dizia que era roupa de primavera.Na minha inocência,apercebi-me, que naquela manhã talvez a tal primavera nos viesse visitar, e a minha mãe,faria de certeza o bolo das cinco da tarde, o bolo que eu mais gostava. Não esquecendo que eu associava o bolo à estação onde as janelas se abriam de manhã para o sol entrar,e olhar para o azul do céu que encandeava os meus olhos de criança curiosa. Foi a primavera,a minha primeira estação.Depois aprendi a conhecer as outras estações,mas nenhuma era como aquela que eu descobrira na minha casa de infância,a casa grande de paredes amarelas cor de laranja...
Célia M Cavaco / Desvios