Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Que o amor bate à porta inesperadamente,sabemos, e queremos acreditar que assim será. Sem aviso prévio,depois de andanças ele pára como um terminal de uma qualquer paragem.É a paragem do olhar,basta uma simples troca de olhares,como se fosse um bilhete escrito e trocado às escondidas de mão para mão. Começa assim em segredo. Depois,passado algum tempo,ou um instante, grita-se ao vento o amor. E ele,o amor, vai-se instalando permanentemente naquele lugar de paragem obrigatória.Leva tempo,anos com morada fixa. É um gostar eterno,de memórias,de afectos,de sentires.Não será fogo que arde sem se ver,porque ele aquece-nos, esquenta a pele pelo toque, é amor que se sente e se vê naquele olhar de brilho,de beijar,porque o amor também beija as palavras que profere.Quando é amor,ele bate à porta e entra sem cerimónia,quanto muito, deixa-se despir de trajes incómodos e preconceitos . O amor é livre de ir,como de vir ao encontro de uma flor na mão que ousa o abraço,o querer mais que um simples amor pequeno...O Amor é grande,tão grande, que desde a primeira vez, ficou e permanece até o outro amor partir sem despedida,mas ficou o amor,o grande e único. Aquele que um dia entrou e cruzou o olhar para lá do impossível.
Célia M Cavaco / Desvios
Arte: Jarek Puczel