Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
terça-feira, 22 de março de 2016
Queria escrever-te.Mas perdi o endereço.Tenho tanta coisa para te contar,coisas que vou anotando para não esquecer,uma delas é dizer-te que as rosas que plantaste à frente da casa estão a começar a dar as primeiras folhas,em breve, irão aparecer as rosas vermelhas,as rosas de cheiro intenso,que um dia me ofereceste. As que com o tempo caíram uma a uma as pétalas, que guardei no meu livro,o livro que nunca termino de ler,assim,quando regressares poderei contar-te a história,como se fosse ontem...
Um dia disseste não temos tempo,temos de viver o amor hoje,eu fugia sempre,tempo era tudo o que eu tinha,sempre brinquei com o tempo. Agora,olho saudosa para lá dos vidros,e vejo a primavera a fazer a dança das folhas,os pássaros a regressarem às suas árvores após longas viagens.E nós, perdemos todo o tempo do mundo,não,eu perdi. Olho-me ao espelho,e mudei,apercebo-me que escasseia o tempo,o tempo que eu queria viver,está com prazo.Não te assustes,se chamares por mim quando entrares, e eu tiver partido. Sabes que eu queria escrever-te,mas perdi o endereço,perdi todo o tempo do mundo...
De tudo o que pensava escrever,há uma que não posso esquecer.... Lembraste de quando me olhaste olhos nos olhos?Foi o melhor de tudo,foi o nosso tempo,esse que nunca me tinha apercebido do seu real valor.Se fosse hoje,era a primeira a dizer-te,vem,vamos viver como se o mundo estivesse para acabar. Queria ter sido corajosa,mas perdi todo o tempo a brincar com tempo,pensava eu ser a dona do tempo...
Célia M Cavaco / Desvios
