Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
quinta-feira, 31 de março de 2016
Que sou eu,senão uma partícula do tempo,ora de vento,ora de chuva, que aqui, e ali ,limpa a minha passagem pelo tempo,neste tempo, de aqui e agora,neste meu breve pensamento...que sou eu,senão choro de lágrimas breves,tão breves que o riso se intromete e faz-me rir,rir de mim que sou uma folha de vento,aqui e ali ,pouso como ave sem rumo,sem ninho onde descansar este corpo cansado,ausente de pensamento,porque esse foi com o vento para outros lugares. Lá longe,o pensamento grita...estou aqui!... Vem ter comigo,vem ouvir o silêncio deste meu grito,deste meu silêncio que é pensamento,longe...longe adormeço num sono queimado,numa cama de capim seco. Tão longe que o cheiro a queimada me acorda num sobressalto.Eu,e o pensamento que somam recordações sem cantares nem canções,só o batuque ao longe me chama,me embala no calor da noite,na claridade do dia.Que sou eu senão todas as cores de uma roupa que me cobre o corpo,o corpo suado numa noite de paixão,numa noite savana onde me descubro mulher...
Célia M Cavaco / Desvios
Arte: Liliana Marescalchi
