quarta-feira, 9 de março de 2016




A madrugada trás consigo os barulhos da noite. Réstias de tudo e de coisa nenhuma.O dormir, fez compassos de tempo a que o corpo se habituou num restolhar de lençóis sem descanso. A noite fez-se cedo para acordar antes dos primeiros raios de sol. No mar  a tonalidade cinza prateado,não se sabe como vai ser a luz do dia.Como se isso tivesse importância,as noites,as madrugadas e os dias estão insuportavelmente iguais e cansativos. Nada muda,os desejos são levados pelo desaforo com que o tempo incomoda as ideias claras e transparentes. Nota-se a neblina nas palpebras cansadas da madrugada antecipada. A inquietação de ontem,é a de hoje. O corpo despertou a mente que vagueia nas horas mortas. Nada é igual,tudo se antecipou . A mulher tem o tempo das rugas no rosto. As crianças, são vertiginosamente adultas. A noite dissimula todos os mistérios.Crenças e tabus milenares ainda amedrontam o mais evoluído  ser humano. Alguns são sugados nos medos com que a noite disfarça a ansiedade. A madrugada amanhece ainda com os ruídos da noite.Esperar o serenar do dia com resíduos do cansaço da noite anterior.Um dia de cada vez,é viver a esperança de todos os outros dias...









Célia M Cavaco / Desvios








Photo : Benoit Courti