segunda-feira, 2 de novembro de 2015





Na vaidade do tempo,os cabelos soltavam-se,esvoaçavam com o brilho da juventude,o negro da cor, a dar-lhe a tonalidade morena.Um contraste aos olhos verdes, que tantas vezes sorriram com alegria ao mistério profundo de quem fala com o olhar.A foto nas mãos, debutadas à saudade.Quanto tempo, a foto permanece inalterável à idade sem tempo?...Se calhar,sem se aperceber,vai-se deixando estar,esperando o dia em que a foto envolva a saudade com a tristeza...Como uma dor que amansou,saber deixar-se ir,com a vontade de permanecer. É assim, as fotos do álbum,perder-mo-nos nos encontros passados. Lembrar ausências,mergulhar as lágrimas no sentir da dor. Embalar-mo-nos recostados na cedência cadente do colo que foi guarida.Dos gestos, que afagaram mágoas vazias.Nas mãos,a foto conta segredos cedidos.O imenso tempo de espera; Perceber que um dia, sentados, as fotos ganharão vida e história noutras mãos.A sequência dos que partem,com a permanência dos que esperam um reencontro...







Célia M Cavaco / Desvios








Arte: Christiaan Lieverse