terça-feira, 29 de setembro de 2015






O teu rosto, procuro-o, no areal onde os búzios ouvem ecos e guardam segredos. Apenas o silêncio se põe no oeste do horizonte,e no poente as mãos côncavas gastam o tempo.Há um mar que nos espera,o marulho das ondas embala-nos os corpos indolentes.Os naufrágios rompem o descanso das gaivotas. Prometo-te beber as lágrimas de sal no teu corpo roubado às dunas. A rebentação inunda as memórias de outros ventos que trazem mensagens das alvoradas, dispersas nas silhuetas nocturnas.
O teu rosto,vaga memória elevada no dias de todos os santos. O mar canta a nostalgia da ausência.Bradei no crepúsculo matutino,as cinzas espalham-se no sereno infinito. De ti,recebo um eterno amor de saudade, num olhar doce que trago dentro de mim,como os versos dos teus olhos.




Célia M Cavaco / Desvios