Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
Há uma prisão de recordações,da qual não se tem liberdade de sair. Não existe termo de identidade e residência, anula-se o cartão de identificação,o rosto ganhou marcas que não podem ser fotografadas. O corpo deambula como pedinte a exigir a alma de todos os santos. A chama das velas ardem com o trepidar do frio,apagam-se com o bafo da fome. A rua é a casa de muitas assoalhadas,as esquinas, são janelas que fazem corrente de ar. A cama colchão de jornais de miséria,as letras choram palavras que o mar abafa.Os corpos tesos. A prisão sem grades, fecha ao anoitecer. O corpo, é lixo mal cheiroso. A dignidade é fotografada,corre mundo. Os outros olham,e encolhem os ombros...
Célia M Cavaco / Desvios
Imagem: Google