Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
(...)
Sentada naquela pedra,que na estrada velha marca a distância até à aldeia,é recordar tempos e memórias fotográficas. A estrada velha e estreita,de ambos os lados a profunda serra do caldeirão,o cheiro a estevas,as giestas,os medronhos, as azinheiras,os carvalhos,os sobreiros,as oliveiras tudo emoldurava noutros tempos a paisagem. Ali as gentes tinham outra maneira de falar,outros modos, como eles mesmo diziam. Agora,tudo era mato seco e desolada desertificação . Ali mesmo, naquele lugar,chorara porque se considerava menina da cidade,não gostava de nada,tudo era na palavra muito " Saloio".Voltava a recordar esses tempos,palavras estranhas . O corgo era um pequeno curso de água donde nasciam as ribeiras. A aflição ou inquietação era a difícil e incompreensível palavra "Traquetes",que no contexto, seria fiquei numa aflição...
Outros tempos,não tão distantes assim,mas o suficiente para recordar com saudade a sua vivência naquela aldeia. Por ali fez grandes amigos,já todos partiram.Quando os conheceu,eram já velhos,tinham na memória estórias sem fim,que contavam na soleira da porta,onde as horas cruzavam a noite da ceia. As mulheres usavam lenço na cabeça,eles o chapéu negro que colava à cabeça de tão surrado pelo tempo. Quem se lembraria de mandar para aquele lugar desterrado, uma criança em férias escolares?...