segunda-feira, 21 de setembro de 2015




A voz quebra o silêncio,ouve-se a si mesma. Prostrada,ouve o grito silenciado na mágoa que a faz sobreviver.Enclausurada na dor que a acompanha,faz as orações de penitência.
O barulho de fundo,apenas o ouve com o coração.Leves acordes que a fazem vaguear. Nunca se apercebera,o quanto o silencio era superior à solidão encerrada nas folhas brancas sem textos,nem personagens. O isolamento total para guardar rostos. Na serenidade pinta recordações ambulantes,desloca-se na imaginação vagabunda dos dias,anos...
Revê-se na essência,que o espelho retrata como narrativa. É a única personagem,dentro da personagem.A bibliografia incompleta resume a beleza da escrita com o outono da vida por acabar. De resto só o prefácio interessa.No conflito de palavras, é permitida a tua permanência. Não digas nada,toca-me só...




Célia M Cavaco / Desvios





Imagem: Emannuel Garant