Que os dias sejam anos
que os ventos e tempestades tragam
a calma que habitua os corpos.
a serenar a velha idade dos cabelos brancos.
que os ventos e tempestades tragam
a calma que habitua os corpos.
a serenar a velha idade dos cabelos brancos.
Que a sabedoria seja a quietude
da alma que alivia o coração ao acordar das horas
O tempo escasseia ,as horas são medidas
pelo sol na cal branca da parede quando sentados
na cadeira de verga na soleira da porta.
Uns e outros contam as histórias de si mesmos
inventadas com o nome de outros que na fome
calaram as letras que nunca aprenderam.
Os tempos foram agitados pela magra malga
de caldo,pés descalços e roupa cerzida nos
rasgos das estevas.Os cântaros da água fresca
davam elegância no caminhar bamboleante da
mulher com pressa de beber às escondidas
do sol quente após a ceifa do meio dia,o sestear no pino
quente de um sol que fustigava a trigueira pele das gentes.
Um novo ceifar até quase ao sol pôr. O regresso a fazer-se
num cantar de romaria,para recomeçar na
madrugada seguinte.
Assim os dias foram anos,até o corpo quebrar ao cajado...
Célia M Cavaco / Desvios
Pintura de Mota Urgeiro (?)
