terça-feira, 4 de agosto de 2015






Ao longe, o mar rebenta ondas de tempestade nas marés vivas antecipadas no tempo.Ao longe, o mar sabe que há fome e gentes que o amam e ainda assim desesperam pelo pão nosso de cada dia.
O mar baptiza quem nele mergulha como uma benção. Mas vinga-se quem nele perde o respeito. Há gentes que longe sentem a saudade do cheiro e da faina das redes onde o grito de "homem ao mar" trás a tragédia na espuma que rebenta destroços em terra.São as gaivotas as mensageiras do presságio numa dança esvoaçante procurando abrigo em terra. Quantos segredos, guarda o mar em destroços fantasmas no fundo dos corais onde as sereias choram as cores das viúvas que em terra rezam à Senhora da Agonia?Quantas lágrimas molham os pés na areia da espera? Quantos filhos nasceram após as tempestades anunciadas na hora da despedida?!...
Quantos segredos o búzio ouve nas marés de maresia nublada das manhãs onde tudo se espera com as rezas em terra? Só o búzio ouve e cala os segredos das confidências na distância entre mar e a terra!...
No fundo do mar há heróis que amanham as redes aos sobreviventes que se atrevem a enfrentá-lo como se a raiva do Neptuno os atraísse com os cânticos das sereias...








Célia M Cavaco / Desvios