quarta-feira, 19 de agosto de 2015



O espelho recebe um fragmento impessoal do rosto que se olha sem se reconhecer. Um rosto de muitas máscaras. Esquecer a infância,que depressa a fez mulher. Dissimular o espanto,com o reflexo do retrato. O espelho baço pela respiração acelerada pela incongruência do tempo.
Aspirou à felicidade eterna. Esqueceu-se do relógio,os ponteiros pararam perto do coração.As batidas eram a paixão da sua existência. Observou o rosto com o mínimo tempo de vida. Esqueceu-se até do próprio nome.O rosto é semelhante à imagem da sombra que se deita a seu lado.O corpo em mudança na sua essência. O espelho fragmentou-se,ao rosto resta-lhe a surpresa de se recompor a cada dia que começa. Outro dia,outra manhã...





Célia M Cavaco / Desvios








Imagem: José Gutierrez