Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
quinta-feira, 20 de agosto de 2015
Não me perguntes porque
a água do mar não tem cor
se quando olho a vejo verde
azul e tem cheiro da maresia
das profundezas oceânicas...
Não me perguntes porque
regressam as aves em bando
às árvores num chilrear ensurdecedor
ao final da tarde quando o sol se põe
em cores matizadas no infinito horizonte...
Não me perguntes porque
os sinos da torre da igreja badalam
as horas da missa,ao mesmo tempo
que as cegonhas batem o bico
para alimentar as crias...
Não me perguntes porque
escurece o céu e as estrelas
dançam a valsa em noites de
lua cheia,ou a lua se esconde
entre almofadas de nuvens
rasgando o céu em tempestades
e as mães choram os filhos do mar
tempestuoso...
Não me perguntes porque
eu nada sei e também eu
procuro respostas para lá
do olhar com que observo
o mundo à minha volta e as
perguntas são-me devolvidas
sem as respostas que procuro...
Não me perguntes porque
apenas,e só,ouço o eco da minha voz...
Célia M Cavaco / Desvios
Imagem :Bogdan Panait