domingo, 9 de agosto de 2015




Fez da estabilidade, o desassossego nas noites prolongadas e escuras.O corpo pediu descanso,a mente vagueou por corredores de lugares estreitos e desconhecidos.Correu o mais que pode para alcançar a porta que vislumbra ao fundo do que julgava ser a única saída para o outro lado.Era como atravessar a rua e estar noutro lugar menos sombrio.Tudo lhe parecia perto,mas cada vez mais o corpo cansado queria repousar num banco,podia até ser aquele banco que se lembrava de ter adormecido perto das árvores sem flor,apenas recordava que as folhas caíam e cobriam-lhe o corpo nu. Quis continuar coberta pelas folhas que lhe aqueciam o corpo frio do relento da noite.Mas o corredor era um obstáculo à sua vontade. O raciocínio era clínico,um coma emocional travava toda e qualquer mobilidade.Mexeu as mãos,depois as pernas,o corpo reagiu, deu por se levantar e alcançar a porta que antes parecia-lhe inacessível. O outro lado era um outro jardim com árvores e flores, a Primavera cobria o verde com as azedas amarelas,os pássaros regressavam aos ninhos,as andorinhas entravam e saiam dos beirais que estavam em reconstrução.Riu-se,deu por si a correr naquele lugar mágico. Viu o homem da flauta,sentou-se perto dele,foi como a história do jardim secreto; Voltou às estórias que lera algures no tempo...






Célia M Cavaco / Desvios







Foto: Patty Maher