Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
quinta-feira, 23 de julho de 2015
Os velhos livros,com as extremidades danificadas pelo uso. A secretaria de madeira antiga de traços lisos sem floreados; compõem o recanto da casa,onde se esconde para refúgio de leituras não partilhadas. A austeridade do lugar é quebrada pela pequena jarra com flores,as hortênsias suas preferidas. Tem ainda o lenço colorido que usa ao cair da tarde,por causa do vento. Aquele lugar é todo o seu mundo.Ali vive horas seguidas.Tem todas as personagens inventadas pelo lápis sempre afiado,pronto a cruzar vidas.O lápis é fiável!Pode fazer desaparecer ou aparecer as personagens que consegue ver ao longe,ao alcance da sua fértil imaginação. Mesmo em criança, dava largas à imaginação. Tinha sempre movimentos de criação,nunca a sua cabeça estava no lugar, tal era o fervilhar de estórias que pensava e escrevia em redacções escolares.No final,havia sempre um desenho,uma casinha,muitas flores,e uma cerca a rodear a casa.Um dia,ao ler a história do João e da Maria,quase levou um susto.Parecia a sua casinha desenhada no caderno escolar,até tinha o fumo a sair da chaminé...
A diferença,era que dentro habitava uma bruxa má,que engordava crianças para depois as comer. Na casa,que ela desenhava,morava uma menina de cabelos negros e longos.Que gostava de escrever histórias,mesmo não sabendo escrever.Para isso tinha a sua imaginação,o lápis de carvão,e os seus lápis de cor. Ah!... completava os seus desenhos, com um lago e um cisne. Hoje, já bem mulher, ainda tem dentro de si a menina que gosta de inventar estórias,mesmo não sabendo escrever.Às vezes, pensa,se escrevesse um livro de histórias se o título a escolher não seria: "A menina que vivia com a cabeça na lua".
Célia M Cavaco / Desvios
