Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
segunda-feira, 13 de julho de 2015
Estranho sonho. Sonhou que Deus falava com ela,e a repreendia por atitudes tomadas levianamente.Sentiu um incómodo, como se o pai a estivesse a castigar por algo que tivesse cometido erradamente. Sentou-se à beira da cama,sentia-se muito melhor a falar com ele olhos nos olhos. Coisa patética,Deus não tem rosto dizem...
Ainda aborrecida,perguntou-lhe com que direito a repreendia,se ele mesmo era o mais descuidado dos pais.Todos os seus filhos estavam actualmente num abandono sem fim. Eram na maioria crianças sem casa,com fome,com dores de gente grande. Viu-lhe lágrimas nas faces,e tentou compreender o sofrimento deste pai de todas as crianças do mundo. Padeceu-se dele,afinal era pai (...) e os filhos muitas vezes desiludem os pais,vão por caminhos tortuosos,esquecem o berço onde pousaram a cabeça embalados pelo sono.Os pais não adormecem os filhos ao colo nem lhes dão de mamar.Mas dão-lhes a mão para não caírem e caminharem a seu lado. Limpou-lhe as lágrimas do rosto,acariciou-o como uma filha deve fazer ao seu pai (...) e consolou-o.Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem.Um dia, encontrarão o caminho de regresso e vão caminhar a teu lado,afinal o mundo é das crianças. Acordou com o peso da realidade. Há que acreditar que algo de bom existe na bondade do ser humano...
Célia M Cavaco / Desvios
