segunda-feira, 15 de junho de 2015





Não sabem.Não têm de saber porque ela não dorme,passa as noites a escrever,faz da noite a sua vida. As insónias são uma constante;vagueia pela casa,conversa com as fotos que emolduram ausências. Tenta adormecer,o barulho da noite é incomodo,o silêncio é ensurdecedor ...
Pensou escrever um diário,não tinha personagens.Era única. O cansaço invade-lhe o corpo.O corpo regressa à cama.Adormece no sono.O sonho entra-lhe no corpo,agita-se na febre do quinino.O quarto está quente,apenas a ventoinha lhe apaga o suor. Ouve outras vozes,a agitação da manhã entra-lhe pela janela. O corpo insiste em doer-lhe,conhece os cheiros,as horas passam,o calor fica...
A rega da tarde trás o fresco.Senta-se na varanda,esperando por ele.As acácias ,inundam com perfume a rua,a rua de vestes coloridas; as crianças atrás nas costas dormem o sono da ignorância. O oceano entra no sonho,o oceano no outro lado do mundo.O seu mundo,a sua paixão. Ela,ela acorda a noite...




Célia M Cavaco / Desvios