quarta-feira, 17 de junho de 2015




Hoje apeteceu-me deitar o corpo na cama,ouvir  música,e ficar como estátua fingindo-me morta,fechar-me ao mundo. Há dias assim,em que me desconheço,em que pôr o pé no chão,é como entrar num abismo.Tento rever toda uma vida,ou quase uma vida.Neste momento,é assim que estou.De olhos fechados visualizo todos os lugares por onde passei,todas as pessoas que fizeram parte dessas viagens.Inevitavelmente ,quase em transe,entro no teu corpo,é uma das sensações que ainda me faz sentir viva.É nestes momentos que o corpo estremece e ganha vida; tu entras sem pedir permissão,logo hoje que eu queria que o corpo descansasse.Abro os olhos numa recusa,decidi fechar a janela da alma,se é que a alma tem a ver com o que quer que seja.Esta mania religiosa de ver as coisas,é uma reminiscência  constante,tinha à muito decidido afastar-se das orações,e da moral das coisas.
Comecei a ficar cansada.Até de ti! o meu corpo hoje cansou-se da vida que lhe davas,hoje,somente hoje,quero,sem querer coisa alguma,descansar da minha suposta inteligência.Nada melhor,que fingir ser ignorante,e afastar-me do que me inquieta.Afinal,é só mais um dia de puro cansaço,nada mais que isso,cansaço...










Célia M Cavaco / Desvios