sábado, 15 de julho de 2017





Esta dualidade de sentimentos com que me visto,
esta fragilidade que me cobre de incertezas
esta doçura que dispo nas manhãs sem cama...
Este aparente modo de ser,este empréstimo
à vida que assola compassos do tempo que é
medido há muito...
Todas as horas transversais a ultrapassar a meta
antes de ser partida.
Adornos escritos na lua que nos adormece à noite de
todas as luas.
Todas as vezes que escrevo num eco de silencio...
tantas outras que calo a boca faminta
de palavras...
Tanto desejo nas mãos cálidas de ser espera
no cheiro que se oferece ao perfume que nos
veste...
Tanto na intimidade por descobrir
tanto que a vida se empresta para sermos
solta-se o verbo.
Calo-me no silêncio onde me abrigo.










Célia M Cavaco,in Desvios