sábado, 29 de outubro de 2016





Entre paredes o silêncio escreveu murmúrios .Nas horas intermináveis pintou e decorou diálogos ausentes de cores e sons,fiando no rosário as novenas marianas quando a fé se desmoronou.No exterior, o frio nas folhas varridas pelo vento,o sentimento desnudado para lá dos sentidos que se avessam, um frio presente na estação do tempo . O invisível fora do alcance de quem nada sabe ver. O corpo estremece,o som aproxima-se,as notas ouvem-se distantes de tão próximas estão do toque das mãos que abraçam. O requiem de Bath repete-se na sonoridade previsível do que sou.Entre a saudade que não é,a nostalgia que é saudade da partida ; De olhos fechados o eu interior em contagem decrescente,a luz que me leva,a perspectiva ilusória dando lugar ao contentamento que produz a calma e a compreensão necessária. O diálogo do eu com a visualização.Metade de mim por utopia,a outra metade, o silêncio que eclode no repousar das pétalas de açucena que pousam no corpo fazendo poesia.Se te lembras... o fascínio do indivisível procura o perfil entre as sombras desenhadas nos murmúrios.








Célia M Cavaco / Desvios