quarta-feira, 1 de junho de 2016




Não toques em nada,deixa ficar os sorrisos guardados na caixa dos afectos.Que fiquem dentro da gaveta com a chave perdida no esquecimento. É isto que peço,o que sobrar,podes distribuir em forma de estrelas de papel ,em que cada um leve como recordação a cor escolhida.Não tenho testamento feito,porque nunca amealhei conchas,areia da praia,ou pedrinhas lavadas na água salgada  coloridas nas tardes de verão, na praia escondida, nas dunas do vento. O quarto que fique nu,nas paredes sem cor, a cama fique coberta, com a colcha estampada de flores de laranjeira.Os lençóis brancos, cubram os livros,os livros onde viajei pelo mundo.A biblioteca itinerante, descanse as capas tantas vezes manuseadas . As páginas perfumadas, deixarão no ar  a presença  de todas as noites que adormeci sem sono, embalada pelos abraços onde fiz porto de abrigo.Voltarei sempre que me chamares à noite de recordações, de muitas leituras  que li com lágrimas, em momentos únicos onde a morte do cisne foi peça de muitas luas.










Célia M Cavaco / Desvios