Apanhei todos os pertences, coloquei-os por ordem na sacola que transporto a tira colo para as minhas incursões, por aí...
No areal a figura negra e magra. Olhamo-nos,ela, desafiadora segura o olhar no meu.Insisto no cálculo da idade,cem ou cento e muitos.Sempre a conheci negra como as asas dum corvo,magra como a palma da mão que segura a saia rodada, preta de viuvez de outras vidas. Conhecemo-nos de há muito,ela a cigana,eu a menina da lua,segundo o feitiço dela,ou de outra...benze-se sempre que me vê,entre dentes,parece fazer uma oração de protecção.Chego mais perto,afasta-se,e sem olhar para mim,diz: -Não sei quem é mais velha, se tu ou eu; ambas somos ciganas de outras vidas filha da Lua.Continuo o meu caminho sentindo que sou observada pela mulher de negro.A cigana da praia,a cigana que me lançou no colo da lua.
No areal a figura negra e magra. Olhamo-nos,ela, desafiadora segura o olhar no meu.Insisto no cálculo da idade,cem ou cento e muitos.Sempre a conheci negra como as asas dum corvo,magra como a palma da mão que segura a saia rodada, preta de viuvez de outras vidas. Conhecemo-nos de há muito,ela a cigana,eu a menina da lua,segundo o feitiço dela,ou de outra...benze-se sempre que me vê,entre dentes,parece fazer uma oração de protecção.Chego mais perto,afasta-se,e sem olhar para mim,diz: -Não sei quem é mais velha, se tu ou eu; ambas somos ciganas de outras vidas filha da Lua.Continuo o meu caminho sentindo que sou observada pela mulher de negro.A cigana da praia,a cigana que me lançou no colo da lua.
Célia M Cavaco,in Desvios
Imagem:Google