Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
domingo, 20 de novembro de 2016
No cerzir da noite,a valsa entre o branco imaculado dos lençóis e a pele branca do corpo . No dormir e acordar,o ponto em cadeia borda a camisa que veste o nu despido de linhas.As curvas da vida desenham na pele as dobras do tempo.O Deus Éolo brisa o vento leste onde os braços se estendem ao espreguiçar do Zéfiro. A nostalgia navega mares intransponíveis, o oceano inunda de lágrimas o orvalho translúcido pautado no rosto adormecido.Uma e outra vez,a noite amantiza-se com a lua que banha sonhos lavrados no preludio das estrelas. A noite conta o encanto,o amanhecer estremunhado, atina o restolhar da aurora matizada. As guitarras baixinho tocam os últimos acordes do fado,a vida nasce nos primeiros raios solares pendurados nas dobras do lençol, o rosto sorri no ultimo bordado da noite que adormece ao aproximar da madrugada.
Célia M Cavaco / Desvios