sábado, 4 de junho de 2016




Escrever não é fácil,porque cada um interpreta à sua maneira o imaginário de quem escreve,e, porque se escreve, num dado momento palavras mais elaboradas,ou simplesmente uma frase prolongada sem vírgulas,o mesmo dizer sem respirar,saiu e pronto... Escrever que de noite o calor aqueceu ainda mais o coração frio, porque à muito tinha parado de bater,não quer dizer coisa alguma.É uma frase feita para aliciar  quem procura aqui e ali, uma ponta do fio que não existe. São momentos únicos,ousados, e temerários da mão que usa a caneta, e solta a inebriante fantasia de um estado emocional. Começar um texto com a frase: Hoje caminhei ao longo da vida,passei por ela,e, num acaso, a vida cumprimentou-me. ..Coisa estranha,a vida deu pela minha existência,quando todos os dias me ouve respirar. O mesmo é escrever que estou triste,num caminho, apenas  de um sentido único onde no final só há terra batida... Escrevi porque a inspiração foi momentânea, foi um click romântico,daqueles, em que sentimos o mar molhar o rosto e as lágrimas tornam-se salgadas escondendo a verdade num pôr de sol que por mero acaso era noite escura. Escrever sem criatividade é impossível,escrever todos os dias é um estado de permanente alerta,é uma paixão que entra sem se anunciar, e depois, fica num papel em branco onde só consta o início da frase: Gosto de escrever,mas hoje não sei porquê, perdi-me no jardim onde os pássaros fizeram ninho na minha imaginação, e por momentos voei para outros lugares.Basta sentir, para dispersar a loucura atabalhoada das palavras inexistentes. Escrever, um curso permanente de criatividade, o estágio é remunerado com papel,caneta,e lápis de várias cores... Não se nasce a saber escrever,mas a sensibilidade do olhar sobre todas as coisas, dá um maior encanto para descrever o impossível . É como andar perdida na rua onde moramos e conhecermos cada canto, e por instantes, olharmos para um palácio onde todas as palavras ficaram aprisionadas.É a rua de todos os dias,só com um olhar diferente. É plantar uma árvore,vê-la crescer,olhar as primeiras folhas,só depois a flor, e no final o fruto. Um ciclo,onde tudo começa com o plantar de algo que queremos saborear...











Célia M Cavaco / Pontas Soltas