Abrir um blog de poesia, nada de especial. Mas um blog onde se pode escrever palavras, momentos a partilhar, é um atrevimento, que poderá ser uma ousadia. A minha, onde por instantes viro uma suposta página do meu livro.
terça-feira, 29 de março de 2016
Apesar da luz se prolongar pela tarde ,dentro de mim a noite chegou mais cedo. Não resisto,fecho os olhos num súbito cansaço que me cansa e me deita no colo da noite. Dispo a roupa que cobre no corpo a segunda pele. Adormeço,elevo-me,é como se a vida tivesse um último sopro. Levito entre o dormir profundo,e o mundo real. Estranha forma de estar,estranha forma de sentir este estado que descreve a noite onde tento o descanso . Sonho? Não sei,reconheço o espaço,no canto da sala os nocturnos de Chopin tocado por dedos esguios,o rosto oculto.... Pairo acima dos objectos,cada um faz parte de uma história .O piano continua a tocar,o desço ao nível das mãos que tocam as teclas. O som a quatro mãos, a serenade de Schubert.O corpo mexe-se,a tranquilamente acalma o sono que se deita nos braços do morfeu. A tarde fez-se noite,a noite deitou-se ao lado de todos os sonhos.O desassossego aquieta-se,a vida num sopro respira, devolve-me o eco que ressoa no peito,o coração teima em bater. Ouço os nocturnos...
Célia M Cavaco / Desvios